sábado, 29 de dezembro de 2007














É triste possuir tão pouco tempo para escrever aqui. Como ouvi em alguma música esses dias, só tenho tempo para pensar no tempo que eu não tenho. De toda sorte, encerro esse primeiro ano de recomendações com um dos mais influentes álbuns da história do jazz. Kind of Blue é a perfeição registrada em sons; uma mudança na carreira de Miles Davis que levaria a uma mudança em todo o mundo do jazz. Muito já foi dito sobre o disco, e realmente no momento não me sinto na posição de acrescentar nada. Deixo registrado, apenas, que nesta gravação mais uma vez encontramos músicos previamente citados neste espaço - John Coltrane, Paul Chambers, Bill Evans - que, juntos, foram responsáveis pelos mais brilhantes álbuns gravados nos anos 50 e 60

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quarta-feira, 14 de novembro de 2007

















Não chega a ser fantástico, mas The Real McCoy é de uma honestidade que merece admiração. Uma das melhores obras do senhor Tyner, antes de seus discos mais piradinhos que estavam mais pra free do que pra lá.

McCoy Tyner, como já citado em outros posts, fazia parte do lendário quarteto do lendário John Coltrane. Como o último disco aqui recomendado, também conta com a presença de Elvin Jones na bateria, ou seja, temos aqui metade das lendas trabalhando em músicas que, por que será, te lembrarão bastante do saxofonista mais querido deste espaço

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sexta-feira, 19 de outubro de 2007



The Inflated Tear talvez seja o disco mais comentado do boa praça Rahsaan Roland Kirk. Não da pra ver, no entanto, mas a capa acima é na verdade de Rip, Rig and Panic, essa sim, obra que merece destaque neste espaço.

Demorei muito, mas deixo apenas quatro registros: primeiro, que o Sr. Kirk não era um multi-instrumentista, mas O multi-instrumentista (vide foto), desses de tocar três instrumentos ao mesmo tempo. Mais que O multi-instrumentista, era um camarada tão fora de série que mandou fazer um saxofone especial e continuou tocando mesmo depois que um derrame paralisou todo o lado direito de seu corpo. O Sr. Kirk contribuiu também com boas gravações do Mingus Sextet, entre elas o Mingus Oh Yeah!, já citado aqui como um de meus discos favoritos. O terceiro registro é que esse álbum aí conta com a presença de Elvin Jones na bateria, o lendário músico do lendário quarteto do lendário John Coltrane. Por fim, intimo todos a escutarem From Bechet, Byas, And Fats, faixa que me motivou a comentar esse disco aqui. Piano e metais de um bom gosto e qualidade sem precedentes na obra do Sr. Kirk. Fraseado grudento. Bateria precisa, de expressão indescritível. Tudo muito bem amarrado pelo baixo do Richard Davis.

Vale mencionar que o título vem de Sidney Bechet, Don Byas e Fats Waller

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quarta-feira, 3 de outubro de 2007



Desculpem o sumiço. Culpem o Superior Tribunal de Justiça, a professora Flávia Biroli, minha querida Déborah, entre outros. O fato é que ainda vou escrever algumas palavras a respeito do Rahsaan Roland Kirk, mas enquanto isso não acontece vocês podem baixar esse disco aí.

Bag´s Groove é o melhor disco do Miles desde seu início até 1959, ano do Kind of Blue. Como vocês podem ver pela capa, temos participações de lendas como Monk e Sonny Rollins. Monk aparece na faixa título, dona de um fraseado que dificilmente larga sua mente logo que você tenha escutado seus dois takes.

Algumas das sessões do dia em que este disco foi gravado deram origem ao Miles Davis and the Modern Jazz Giants mas, como todos os discos gravados até o supracitado Kind of Blue, não possui a mesma genialidade encontrada nestas sete faixas

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segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Estou me preparando para falar do Rahsaan Roland Kirk. Não vai sair nada demais, mas em breve alguma coisa eu coloco aqui

domingo, 26 de agosto de 2007















Já que demoramos a entrar no Mingus, vamos logo adiantar as coisas com ele. E mais uma vez tenho que fazer uma pequena reflexão sobre como escrever aqui tende a promover certas mudanças em entendimentos meus. Tinha por certo que comentaria antes o Mingus At The Bohemia, ou o Mingus Oh Yeah, ou até mesmo o Presents Charles Mingus. Curiosamente, hoje resolvi escutar o The Black Saint & The Sinner Lady e me senti na obrigação de vir aqui devido a singularidade da obra, da orquestração ímpar do sr. Mingus.

Não me sinto preparado para falar dessa suite em seis partes, quatro faixas em CD, com 37 minutos e 37 segundos de música executada por *apenas* 11 músicos. É complexidade demais para um menino como eu tentar explicar aqui em sete ou dez linhas. Recomendo apenas que vocês prestem muita atenção em cada nota de Trio and Group Dancers, principalmente a partir de 12 minutos e 30 segundos de execução. Em outra época eu diria "fones de ouvido", mas não. É muita informação para um par de diminutos falantes

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Esqueci de dizer que II B.S. que abre o disco Mingus Mingus Mingus Mingus Mingus não passa de uma versão com o andamento mais acelerado de Haitian Fight Song. Realmente não sei como eu esqueci de dizer isso. "Apenas um lapso, provavelmente"

domingo, 12 de agosto de 2007















No final da autobiografia de Charles Mingus existe uma seleção dos 20 discos indispensáveis de sua discografia, feita por Roberto Muggiati. O Sr. Muggiati não coloca The Clown nessa selação. Não sei o que dizer. Triste? Infantil? Apenas um lapso, provavelmente. De toda sorte, e talvez por causa desse episódio, esse é o primeiro disco do Sr. Mingus que eu recomendo neste espaço.

The Clown merece figurar em qualquer lista apenas pela faixa de abertura, Haitian Fight Song. Começa quase em um sussurro, com o dedilhado aleatório do contra-baixo de Mingus sendo subitamente substituído pelo fraseado que aponta o caminho trilhado durante a faixa. Logo entram os metais, inicialmente também como um sussurro, mas quando menos se espera é como se uma guerra tivesse se iniciado. Caos armado, sons explodem para todos os lados. Nova pausa, novo dedilhado, volta o fraseado, a batalha recomeça.

Quando a HBO realizou aquele seriado sobre o Mandrake (personagem do Rubem Fonseca) foi Work Song a música escolhida como tema do advogado criminalista. Se minha vida fosse uma série da HBO, Haitian Fight Song definitivamente seria minha primeira opção.

Retornando, gostaria de comentar apenas The Clown, faixa que encerra e dá nome ao disco. Além dos cinco músicos, encontramos aqui um improviso por Jean Shepherd, centrado em expressões como “he was a real happy guy” e “all he wanted to do was to make these people laugh”. As construções da banda são boas, mas é quando estão fazendo cama para a narração que o negócio realmente deslancha. Impossível descrever com mais detalhes

quarta-feira, 25 de julho de 2007



Tá certo que as composições são todas do Duke Ellington, mas a genialidade dessa obra não deve ser creditada apenas ao pianista. Estamos falando de Charles Mingus no contra-baixo. Mingus Mingus Mingus, que à época já havia lançado clássicos como o Pithecanthropus Erectus, The Clown e Mingus Ah Um. E Max Roach, um dos maiores bateristas de bebop e hard bop, autor de uma verdadeira revolução no Jazz. A composição baixo / bateria / piano durante muito tempo foi minha favorita, mas cedeu espaço depois que fui devidamente apresentado ao sax do Sr. Coltrane e seu Quarteto Clássico.

Mas está aí uma boa briga:

Duke Ellington + Charles Mingus + Max Roach Vs John Coltrane + McCoy Tyner + Jimmy Garrison + Elvin Jones

Enfim. Esses três apresentam tamanha coesão neste disco que quase surge a dúvida quanto a quem ganharia

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domingo, 8 de julho de 2007

Provas de que eu não entendo de Jazz #2



Birth of the Cool se enquadra bem no que chamo de "Naive Jazz". Não sei muito bem como explicar o termo, receio que só faça sentido pra mim, mas é como se com o surgimento do Hard bop a partir do meio dos anos 50 o Jazz deixasse de ser apenas mais um estilo de música para se tornar algo mais. Maior. Sagaz. É isso. Pode ser uma afronta o que vou dizer agora, mas falta sagacidade ao Cool. Falta sagacidade ao Bop. Falta sagacidade ao Birth of the Cool

quinta-feira, 28 de junho de 2007














Não é pelo fato deu achar
Chet Baker o som ideal para quem tem insônia, mas esse duplo ao vivo aí está entre os melhores discos para se colocar antes de ir dormir

Download Parte I
Download Parte II

terça-feira, 26 de junho de 2007

Vou escrever aqui até o final da semana. Juro

sábado, 9 de junho de 2007

"Amanhã" chegou, então finalmente vou deixar mais algumas palavras sobre o MMW. Primeiramente, vale marcar que essa formação de baixo/bateria/teclados é a melhor que existe dentro do fusion (definição autoritária I). O bom de uma página sem comentários é que eu posso afirmar isso e ficar como uma verdade absoluta. Enfim. Essa formação evita que o fusion vire uma putaria só. Desculpem, mas essa é a única palavra que descreve com propriedade.

Dito isso, é de se assombrar que apenas três caras consigam fazer toda a barulhada do Tonic, principalmente levando em consideração que foi gravado ao vivo e é o acústico da banda. Esse foi o primeiro de três discos que eles lançaram pela Blue Note (que hoje em dia abriga gente tipo Norah Jones e The Bird and the Bee, mas, enfim, o Ciro Gomes está no PPS, não?).

A única gravação fácil de ser encontrada por aqui é uma coletânea que a Trama lançou em 2000, compilando as primeiras gravações do trio, que possui um dos melhores títulos que existem. (definição autoritária II)



Detalhe pro *perhaps*

quinta-feira, 31 de maio de 2007














Não pretendia falar de nada que fosse produzido depois de 60 e poucos, muito menos de fusion. Mas ouvi o Tonic essa semana e achei que seria válido. O trio é o Medeski, Martin & Wood. Se não me engano, tocaram no Free Jazz de 99. Agora será impossível, mas com sorte escrevo alguma coisa sobre eles amanhã

domingo, 27 de maio de 2007



A operação Navalha atrasou minha vida essa semana, então teremos aqui um texto que alguns já tiveram a oportunidade de ler em outra publicação minha. Confesso que não estava nos planos falar desse disco agora, mas também não vejo nenhum grande problema. Ele chega a ser didático dentro da discografia, e o texto chega a ser meigo, até.

"Sempre escutei jazz nos auto-falantes do meu som e não no fone. Não sei o motivo, mas me parecia a coisa mais sensata a se fazer. Como se o som fosse grande demais para um pequeno par de fones. Ele deveria ser solto, correr por aí como bem entendesse.

Enfim, o fato é que hoje fui escutar esse disco aí com fones. Que é um puta disco qualquer fã do Coltrane sabe, mas fiquei impressionado com a sonoridade de Greensleeves. A bateria fica mais viva, não só pelas peças serem mixadas em canais diferentes, mas até o timbre da caixa melhorou. Naquele crescendo que tem no meio, ela entra como uma marretada, quase. Como canhões de incentivo naquelas sinfonias de Tchaikovsky (recorri ao google pra escrever direito, reconheço). Voltando, se a caixa fica mais pesada, o piano, principalmente antes dessa parte citada, fica mais e mais suave. Tipo folhas caindo. Tipo lençol novo de seda em casa de madame (o que me lembra o MDCDLG - movimento das donas de casa dondocas do Lago Sul)"

Esse disco é fácil de baixar, até usuário do Soukseek consegue. Agora, tirem vocês suas conclusões

quarta-feira, 16 de maio de 2007



A demora em postar pode ser explicada não só pela correrida da vida moderna, mas principalmente devido a dificuldade em escolher qual seria o primeiro disco do Sr. Coltrane a receber um comentário neste espaço. Não considero a escolha óbvia, por certo. Apesar do Giant Steps ser um marco, por um motivo que já já vai ser explicitado, existem pelo menos outros três clássicos de suma importância em sua discografia. Descorrerei sobre eles em outro momento.

Gravado 1959, após mais de vinte lançamentos já como lider (ou seja, excluindo aí os discos em que pertencia às bandas de Miles Davis e Thelonious Monk), Giant Steps é o primeiro disco que possui apenas composições do próprio Coltrane. Mas não (só) por isso o escolhi. O disco é um dos mais balanceados do saxofonista, formado por temas animados e bem definidos, permeados por aqueles famosos improvisos executados com tanta genialidade, conhecidos depois por Sheets of Sound, que eu realmente não vou tentar definir em algumas poucas palavras. Você tem que ouvir. As coisas se acalmam apenas em "Naima", nomeada em homenagem à sua esposa.

Coltrane iria mudar muito desse disco pra frente. Deixaria as amarras do bebop pra trás, caindo em um mundo novo que o levaria lá no final de sua carreira ao Free e ao Avant-garde jazz. Mas estamos ainda muito longe de chegar lá

quinta-feira, 10 de maio de 2007



Nunca gostei muito de free jazz. Nem mesmo o Ascension, considerado por muita gente obra prima do free, composto por ninguém menos que meu saxofonista favorito, John Coltrane, nem ele foi capaz de me interessar pelo estilo. Dito isso, esse disco do Eric Dolphy possui elementos do free no limite do que eu acho tolerável, que acabam por construir uma atmosfera única dentro do conjunto das faixas. Um improviso reprimido, como se a qualquer momento pudesse descambar para o caos, mas sempre com algum vigia para levantar a mão e dizer: "Senhores, mantenham a compostura".

Eric Dolphy participou também do Olé, Coltrane e do Africa/Brass Sessions, dois dos melhores discos do meu já citado saxofonista favorito, que no momento certo serão apresentados neste espaço
Posts iniciais são sempre complicados

Não sei muito bem por que estou criando o Out to Jazz!. Talvez até saiba, mas não cabe explicar aqui. Na pior das hipóteses, ele é um blog público, onde todo mundo pode entrar, o que talvez diminua as conversas sobre meu blog "secreto". Não fique chateado se você não possui o outro endereço. Não é pessoal, garanto.

O Out to Jazz! terá pelo menos uma atualização semanal. Não necessariamente vou falar sobre um disco. É provável, na verdade, que eu apenas coloque aqui uma capa. Pra ser 100% sincero, eu queria criar um fotolog, mas sempre falei mal de fotologs, e se tem uma coisa que eu prezo na minha vida é ser coerente.

Enjoy.